terça-feira, 9 de agosto de 2011

TIC TAC TIC TAC


Criar expectativas é correr o risco de semear um espinho na carne. Pode incomodar. Muito. É doloroso você ver todos aqueles planos que você fez de olhos brilhantes, escorrendo como água em suas mãos atadas, sem você poder fazer nada. E você é seu mais fiel espectador, de olhos fechados. Mas pra que tanto você, se não estamos falando de você, estamos falando de mim, né? Faço jus ao egocentrismo à mim empregado, mas só em noites de lua crescente.

Esperar, por quem sabe, um futuro que me faça transparecer felicidade com um peso de vida branca e preta. Algo pra somar comigo. Soma. Acho uma mazela da humanidade sempre querer somar, é óbvio que ninguém gosta de subtrair, abstrair, diminuir de si, mas quem é sã suficiente pra buscar apenas a simplicidade de um equilíbrio? Instinto ambicioso do homem.

Ah, e não pensem que eu anseio que esse futuro seja fácil, quero que seja difícil pra que eu não cometa o erro de não dar seu valor justo, nem mais e nem menos.

Maldito melodrama... Espero que seja tão breve quanto essa prévia de pensamento matinal. E levo com bom humor, como quase tudo na minha vida, a ciência de saber que os mesmos motivos que me fazem sonhar, são as mesmas razões da minha insônia. Esse universo contraditório me fascina.

Agora se me permitem, vou estudar pra minha prova de quarta, porque estou visivelmente com meu psicológico tão abalado que até citei matemática nesse texto. Ave Maria. Risos.

domingo, 19 de junho de 2011

O evitava viver da Eliza Lispector



Mais uma noite de insônia, mais uma noite em claro. Tento não levar meus problemas para a cama, mas acho que esse é um dom que eu possuo. E entenda como quiser.

Ah, memória... inimiga mortal do meu sono.

Não é a primeira vez que me pego ouvindo o velho de grandes olhos azuis, Chico Buarque, vendo fotos, mergulhando em belos sorrisos alheios, me martirizando na nostalgia e na dúvida de que se talvez eu tivesse me sacrificado mais, poderia ter sido diferente. Mas por que o sacrifício teria que partir de mim? Eu não sei, eu só sei, que eu cansei, enfim... Arrependimentos e remorsos são coisas que não combinam com minha personalidade intolerante, serena e quem sabe, intensa. Sei que fui até onde pude ir. Irrita-me só em pensar que posso não ter sido forte o suficiente, mas suicídio emocional não é meu forte e pagar pra ver nem sempre é um preço justo. Também não quero estender esse texto aos extremos das possibilidades.

Bah! Mas são tantas possibilidades, não é mesmo? É impossível não pensar nesse universo paralelo que te dar curiosidade e sede de viver. Falo isso porque tais sorrisos que mergulhei não possuem apenas um rosto como morada, mas vários rostos, vários corpos, vários donos, vários corações e vazios corações. O que aumenta ainda mais as minhas cruéis e curiosamente torturosas possibilidades, pois cada sorriso despertava uma essência diferente em mim e tenho certeza que cada um deles me levaria a um caminho completamente diferente. Quantas coisas deixei de viver, quantas coisas deixei de aprender e quantas vezes me poupei sofrer. De fato, eu precisaria de várias vidas pra viver realmente tudo o que eu gostaria. Eis o “X” da questão. Por nos concedido apenas uma vida, temos que ser cautelosos ao tomar decisões para que não venhamos nos arrepender. Aliás, ser cauteloso não significa ser sábio. Sabedoria é a possibilidade de ser feliz. Sorte, se tratando de vida ou o tal do amor, é eufemismo pra incompetência. Então, eu pergunto: será que alguém está completamente livre da crueldade das possibilidades? Será que o mundo anda mesmo satisfeito com suas respectivas escolhas à ponto de não pensar em um “se” distante? Acho muito mais fácil lidar com minhas frustrantes impossibilidades.

Jogo, armo jogadas, estratégias e supero o game over. Tudo sem garantias de um you win. Viver em prol da possibilidade de ser feliz. Sentir ciúmes do que não é meu, é sentir saudades do que não se concretizou, é sentir muito. É sentir. Eu sinto.

Eu e uma mínima porcentagem dos milhões de usuários de suas frases no Orkut entendemos o que Clarice Lispector quis dizer com a já orkutizada e clichê frase que já virou meme, “É estranho sentir saudades de algo o qual eu mal vivi ou evitava viver”.

No mais, a quem estou querendo enganar? Não sou tão humilde assim ao luxo de ser tão insatisfeita com minhas escolhas. Mesmo nas supostas erradas, posso ter sido feliz por um tempo e se quebrei a cara, trouxe comigo ao menos alguma lição. Logo, esse texto é apenas fruto de uma mente confusa e subornada pelo ambiente em que vivo. Aquelas. Dessa vez, acho que ando com um CD do Marcelo Camelo no lugar do cérebro, o que não explica a falta de sono. Risos.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Tarde + Cedo

Tenho fugido muito daqui, de escrever, de desabafar e de me expor ou me mostrar quão frágil estou. A verdade é que meu travesseiro tem feito muito bem esse papel, o de me ouvir.
Hoje tive vontade de vir aqui, apenas de compartilhar um comentário sobre o pôr-do-sol que presenciei essa tarde: solitariamente lindo. Quis escrever hoje porque quero falar desta tarde, não daquela tarde. Falar desta tarde outro dia não me serviria, já seria passado e agora ela ainda está fresca na minha mente. Parece bobo, mas é o que anda me fazendo sentido e me fazendo, em partes, bem ultimamente são essas coisas pequenas e bobas. Coisas bobas como ficar tempos olhando pro rosto do meu sobrinho recém-nascido e ter a preocupação de guardar atentamente cada detalhe de seu rosto só para ter precisões em um dia quando eu quiser contar para ele que acompanhei bem de perto os seus primeiros dias no mundo com muito carinho, amor e "caduquesa".
Apesar dessa minha relação de amor e ódio com meus anônimos do formspring.me, um deles me mandou um trecho de Avenged Seevenfold que dizia "Aproveite o dia ou morra lamentando o tempo que você perdeu", da música Seize The Day. Posso tirar alguma lição disso. Estou finalmente cansada de adiar as coisas ou de ser adiada, preciso aprender a enfatizar o agora com o que tenho e com o que não tenho. Porém, ainda muito vulnerável.
Perdi de escrever tantos textos esses meses, textos bons, acredito eu. Mas eu preferi ser impessoal e guardar pra mim todos os aprendizados desses meses recentemente vividos...
Bom, um assunto vai puxando o outro e antes que meu texto fique imenso, vou confessar que hoje reparei muito nas pessoas que passavam onde eu estava e adoro desfrutar esse meu lado distante-observador que herdei da minha gostosíssima mãe. Não sei, mas acho engraçado os modos diferentes que as pessoas te olham de acordo como elas te vêem passar ou de acordo d como elas passam por você, isso serve para todos os eventos da minha vida. Hoje, por exemplo, estava lendo e fumando sozinha enquanto pessoas caminhavam. E elas, bom, elas passavam me olhando com uma cara de "Nossa, que menina trash é essa? Tão nova e fumando sozinha... Aposto que deve ser uma revoltada na vida ou faz faculdade de História", um olhar de reprovação bem perceptível. Mas isso só durou até o momento que meu cigarro apagou e eu o joguei fora, aí as próximas pessoas passavam olhando com cara de "Que 'interessante' essa menina, sozinha em uma praça, lendo...", já esse olhar não diria que fosse de admiração, porém, claramente era um olhar diferente. É, então é isso. Era o sol quem estava de parabéns hoje.

E agora ainda trago comigo esse gosto horrível na boca de cigarro e o pensamento de só quem me fez companhia hoje, enquanto fumava, foi um gato preto. Eu odeio gatos.